O Corinthians deu um dos mais importantes passos na fuga do rebaixamento no Campeonato Brasileiro nesta quarta-feira. A goleada por 5 a 2 sobre o Athletico-PR não só coloca a equipe em vantagem contra um adversário direto, mas simboliza a recuperação mental do time após ele próprio ser causador de adversidades dentro de campo. Foi a demonstração das afirmações de jogadores, dirigentes e do técnico Ramón Díaz, quando eles dizem que o clube não vai cair.
O resultado faz o Corinthians chegar a 32 pontos, subindo para 16º. Para permanecer fora do Z-4, o Vitória precisa perder para o Red Bull Bragantino, no sábado. O Athletico-PR entra na zona de rebaixamento pela primeira vez e é o 17º, com 30.
O próximo compromisso do Corinthians é domingo, contra o Flamengo, pela semifinal da Copa do Brasil. A equipe tenta, na Neo Química Arena, reverter o placar de 1 a 0 sofrido no Maracanã na primeira partida. Se vencer por um gol de diferença, a decisão irá para os pênaltis. Já o Athletico-PR joga somente dia 22, em novo confronto direto pelo Brasileirão, contra o Fluminense.
Por mais que a situação dos times fosse semelhante, com ambos fugindo do rebaixamento, os primeiros minutos mostraram contraste. Enquanto o Athletico-PR era vacilante e, com a bola, truncado, o Corinthians aproveitou as falhas e se mostrou confortável para transformar a tensão em motivação.
Com apenas dois minutos, Memphis Depay já tinha obrigado o goleiro Mycael a trabalhar. Pouco depois, o holandês cavou um escanteio. Garro cobrou curto para Yuri Alberto, que entregou para Matheuzinho. O lateral, de fora da área e de frente para o gol, foi praticamente convidado pela bola para chutá-la ao gol. Assim ele fez e ainda cumpriu o desejo da redonda em dar um beijo na trave antes de estufar as redes.
O placar favorável e o apoio da torcida tornaram o Corinthians em um tanque disposto a derrubar o que estivesse pela frente. É bem verdade que isso também se deve ao péssimo Athletico-PR, que não vence há dez jogos pelo Brasileirão.
Ganha destaque como Memphis voltou da Data Fifa com outro preparo físico. É claro que a grande expectativa era ver o que ele pode fazer com a bola no pé. Entretanto, quando uma estrela mundial do futebol se sacrifica em um lance para atrair a marcação e abrir espaço para Yuri Alberto concluir, é porque ele entendeu a responsabilidade que tem no momento que o Corinthians vive.
Enquanto o ataque paranaense não funciona, até mesmo os defensores corintianos deixam suas marcas. Ao menos o Cacá, que ampliou o placar em novo escanteio. Desta vez, Garro levantou direto na área, na cabeça do zagueiro. Foi o sexto gol dele em 2024.
Até mesmo quando o Corinthians errava passes e entregava a bola ao adversário, o lance morria diante de uma pressão rápida dos comandados de Ramón Díaz. Praticamente espectador da partida, o Athletico-PR só demonstrou ações com quase 30 minutos de jogo. Foi quando a chave do primeiro tempo virou.
Ainda que o festival de cruzamentos do Athletico-PR não funcionasse, a estratégia parecia a única do time da equipe de Lucho González e deu resultado, quando Esquivel cruzou para Nikão marcar, antecipando André Ramalho. Os visitantes haviam finalmente chegado ao jogo.
O gol pareceu assustar os corintianos. Ramón Díaz teve de pedir calma aos jogadores, que aumentaram os erros nos passes. Na frente, vacilos também aconteceram, com Yuri Alberto deixando de ampliar o placar por não conseguir dominar a bola dentro da área Quando foi exigido um chute de primeira, o camisa 9 também falhou, aceitando antecipação do defensor.
Foi o Corinthians o seu próprio vilão, quando permitiu que o Athletico-PR tivesse espaços. O time paranaense não demonstrava articulação para criar jogadas, mas precisava fazer pouco mesmo para chegar ao gol. Foi assim que Erick tabelou com Nikão e chegou sozinho dentro da área e empatou, em chute que Hugo sequer conseguiu saltar para tentar defender.
O time paulista sofreu dois gols de uma equipe que não marcava há três jogos no Brasileirão. Mais do que isso, continuou a sofrer pressão no final do primeiro tempo, após dominar a partida e aparentar colocar o nervosismo debaixo do braço. O efeito calmante teve curta duração. O Corinthians estava desnorteado.
O Athletico-PR voltou para o segundo tempo disposto a pressionar ainda mais. E teve condições para isso, porque o Corinthians trocou Bidon por Romero, se preparando para ocupar mais o espaço ofensivo.
Com menos de dez minutos, ambos os times tentaram ensaiar chegadas. Em uma delas, o Corinthians errou um passe, e Belezi afastou com um chutão. Depay foi malandro ao forçar um contato com a perna do zagueiro e cavar uma falta. Como se fosse tudo um grande plano, o holandês cobrou com efeito e colocou a bola no ângulo de Mycael.
A bola aérea continuava a ser a arma do Athletico-PR. As sobras das divididas eram afastadas com desespero, o que contrastou com a frieza de Garro dentro da área após corte malfeito de Gamarra. O argentino tinha o gol aberto e ampliou o placar.
O segundo tempo do Corinthians não foi tão dominante como na primeira metade da etapa inicial. Entretanto, foi de mais tranquilidade, o que bastou para aproveitar as chances. Na fuga do rebaixamento, vencer importa mais do como vem essa vitória.
Para dar brilho, os quatro jogadores de frente do Corinthians protagonizaram o quinto gol. Romero encontrou Garro na direita. O argentino entregou para Thalles Magno, que tocou para Yuri Alberto para que o atacante deixasse o seu.
Sob gritos de "domingo é guerra" da torcida, o Corinthians pôde virar a chave para a Copa do Brasil. A moral para tentar uma virada contra o Flamengo, o time já tem.
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