Faz tempo que o gosto de vitória não passeia pelos lados da Barra do Ceará. Tão desgastada quanto as paredes e o gramado na sede do clube, está a memória do torcedor do Ferroviário quando o assunto é a última grande fase. Catorze títulos estaduais, sendo os últimos na década de 1990. De representativo nos anos 2000, um vice-campeonato do Cearense em 2003. Aos 82 anos, o Ferrão é terceira força da terra em crise. E o desafio continua de difícil resposta: como devolvê-lo o posto de rival respeitado no futebol local?
Para encontrar respostas, é preciso lembrar o roteiro dos últimos anos. Segundo o pesquisador e historiador Airton de Farias, o avançar de um “processo de monopolização” nas estruturas do futebol - mundial, nacional ou estadual - colaborou para uma perda de autoestima coral.
“Na Europa, hoje, quatro ou cinco clubes que ganham e pronto. Claro que não no nível europeu, mas esse processo de mercantilização chegou aqui. Nesse sentido, no futebol cearense, não fez mais sentido ter um terceiro clube forte”, afirma Farias.
A simpatia de torcedores tanto de Fortaleza como de Ceará pode ter, de certa forma, prejudicado o Ferroviário a se motivar para grandes clássicos. Mas não é fator definidor para a atual situação vivida pelo Tubarão. “O inimigo do meu inimigo é meu aliado. No ponto de vista futebolístico, isso é normal. Mas não é só de rivalidade que o time precisa. A torcida do Ferroviário não tem com o que se animar. Houve um esfriamento. É preciso voltar a vencer de qualquer forma, dar alguma alegria ao torcedor”.
Técnico do Ferroviário em 1996, o ex-jogador cearense Mirandinha afirma que o Ferroviário nunca deixará de ser o terceiro clube tradicional do Estado. “O Ferroviário continua sendo não apenas a terceira força, mas um gigante adormecido”, destaca. Porém, as chances de acordar dependem de uma revolução na Barra. “Para retornar forte, o Ferrão precisa de gente que realmente goste dele”.
Novo presidente do Ferroviário, Carlos Mesquita espera levantar o clube com a vinda de jogadores experientes e obtenção de patrocinadores fortes. “Vamos estar fortes na Fares Lopes e aproveitar a competição para jogar de igual para igual com Ceará e Fortaleza”, diz.
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POSTADA:GOMES SILVEIRA
FONTE:O POVO
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